Tarifaço de Trump: setor calçadista pode perder 3,9 mil empregos e 10% na exportação total em 12 meses no RS
06/08/2025
(Foto: Reprodução) Setor calçadista teme crise no RS com o Tarifaço
O setor calçadista do Rio Grande do Sul está entre os mais impactados pelas tarifas de importação de 50% impostas pelo governo norte-americano sobre o Brasil, que entram em vigor nesta quarta-feira (6). Com a medida, parte dos produtos brasileiros vai pagar a mais alta taxa do mundo para entrar nos EUA.
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com sede em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana, prevê perda de 3,9 mil empregos no RS.
No nível nacional a gente estima uma perda de 7,7 mil postos de trabalho. Aqui no RS, a gente estima a perda de cerca de 3,9 mil postos em decorrência da medida.
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A economista Priscila Linck projeta, para os próximos 12 meses, uma queda de 10% nas exportações totais do setor, ou seja, não apenas para os Estados Unidos, mas também para mercados de outros países. Conforme a especialista, "60% de tudo que o Brasil exporta de calçados sai aqui do estado".
"Com o mercado americano vigendo a medida a gente praticamente trabalha com um cenário que é inibitivo. A gente não consegue manter a nossa exportação para o mercado nesse cenário", lamenta.
Tarifaço: taxas de 50% contra o Brasil entram em vigor
HADDAD: medidas de enfrentamento serão finalizadas em breve
Priscila acrescenta que há relatos de empresas já prevendo demissões para os próximos 90 dias.
Para tentar mitigar os efeitos da possível crise, a Abicalçados afirma que está trabalhando em articulações com os governos federal e estadual. Entre as medidas emergenciais citadas estão a ampliação da alíquota do Reintegra e linhas de crédito para arcar com Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC).
➡️ O Reintegra é um programa do governo brasileiro que visa incentivar a exportação de produtos manufaturados, permitindo que empresas exportadoras recuperem parte dos impostos pagos na cadeia produtiva.
➡️ O Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) é uma modalidade de financiamento da fase de produção que permite que as empresas exportadoras brasileiras obtenham recursos financeiros antecipadamente com base em um contrato de câmbio.
Pedidos suspensos e busca por novos clientes: tarifaço de Trump preocupa pequenos exportadores
Longa lista de exceções
A lista de quase 700 produtos que não serão sobretaxados foi divulgada juntamente com o decreto oficial assinado por Trump e inclui suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira. VEJA OS DESTAQUES AQUI.
Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1
Negociações travadas
As negociações entre Brasil e EUA para tentar reverter a tarifa de 50% imposta por Trump a produtos brasileiros seguem travadas. Apesar de Trump ter dito na última sexta-feira (1º) que o presidente brasileiro pode ligar para ele "quando quiser".
Nesta terça-feira (5), Lula afirmou que o Brasil continua disposto a negociar, mas vê pouco espaço para algum recuo americano.
"Eu não vou ligar para o Trump para comercializar porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para a COP, porque quero saber o que ele pensa da questão climática", afirmou o presidente durante um evento no Palácio Itamaraty.
Lula também informou que o governo está finalizando um plano de contingência para ajudar empresas brasileiras afetadas.
Mesmo com a pressão pela abertura de um canal direto com Trump, auxiliares de Lula afirmam que o Planalto só quer uma ligação entre os dois presidentes quando estiver claro o que pode ser negociado. A preocupação é evitar um contato mal planejado que possa encerrar de vez o diálogo com os americanos.
As expectativas para uma negociação diminuíram ainda mais no domingo (3), após o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, declarar que é "improvável" que qualquer acordo com outros países seja firmado nos próximos dias.
Apesar disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que terá uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, ao longo desta semana. No entanto, o encontro ainda não foi agendado.
A ideia, segundo o ministro, é de que a conversa sirva como uma preparação para um possível encontro entre Lula e Trump.
Estados Unidos são o principal destino internacional do calçado brasileiro
Mateus Bruxel/Agência RBS
Veja o comunicado da Casa Branca na íntegra
ENFRENTANDO UMA EMERGÊNCIA NACIONAL: Hoje, o Presidente Donald J. Trump assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos.
A Ordem declara uma nova emergência nacional usando a autoridade do Presidente sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA) e estabelece uma tarifa adicional de 40% para enfrentar as políticas e ações incomuns e extraordinárias do Governo do Brasil que prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos, a política externa dos EUA e a economia americana.
A Ordem conclui que a perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves abusos de direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil.
USANDO INFLUÊNCIA PARA PROTEGER NOSSOS INTERESSES: O Presidente Trump reafirmou consistentemente seu compromisso de defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras, incluindo a proteção da liberdade de expressão, a defesa de empresas americanas contra coerção censória ilegal e a responsabilização de violadores de direitos humanos por seu comportamento fora da lei.
Recentemente, membros do Governo do Brasil tomaram ações sem precedentes para coagir de forma tirânica e arbitrária empresas americanas a censurar discurso político, remover usuários de plataformas, entregar dados sensíveis de usuários americanos ou alterar suas políticas de moderação de conteúdo sob pena de multas extraordinárias, processos criminais, congelamento de ativos ou exclusão total do mercado brasileiro. Isso compromete não apenas a viabilidade das operações comerciais de empresas americanas no Brasil, mas também a política dos Estados Unidos de promover eleições livres e justas e proteger direitos humanos fundamentais dentro e fora do país.
Por exemplo, desde 2019, o Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Alexandre de Moraes, tem abusado de sua autoridade judicial para ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF, em prejuízo de empresas americanas que operam no Brasil.
-- O Ministro Moraes emitiu unilateralmente centenas de ordens para censurar secretamente seus críticos políticos. Quando empresas americanas se recusaram a cumprir essas ordens, ele impôs multas substanciais, ordenou a exclusão dessas empresas do mercado de redes sociais no Brasil, ameaçou seus executivos com processos criminais e, em um caso, congelou os ativos de uma empresa americana no Brasil para forçar o cumprimento.
-- De fato, além de prender indivíduos sem julgamento por postagens em redes sociais, o Ministro Moraes está atualmente supervisionando o processo criminal do Governo do Brasil contra Paulo Figueiredo, residente nos EUA, por declarações feitas em solo americano, e apoiou investigações criminais contra outros cidadãos americanos após eles denunciarem suas graves violações de direitos humanos e corrupção.
O Presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico.
COLOCANDO A AMÉRICA EM PRIMEIRO LUGAR: Ao impor essas tarifas para enfrentar as ações imprudentes do Governo do Brasil, o Presidente Trump está protegendo a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra uma ameaça estrangeira. Em linha com seu mandato eleitoral, o Presidente Trump também tomou outras medidas para alcançar a paz por meio da força e garantir que a política externa reflita os valores, a soberania e a segurança dos EUA.
No primeiro dia de mandato, o Presidente Trump assinou uma “Diretiva de Política América Primeiro” ao Secretário de Estado, declarando que a política externa dos Estados Unidos deve sempre priorizar os interesses da América e de seus cidadãos.
Em conformidade com essa diretiva, em 28 de maio de 2025, o Secretário Rubio anunciou uma política de restrição de vistos direcionada a estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos.
De acordo com essa política, em 18 de julho, o Presidente Trump ordenou ao Secretário Rubio que revogasse os vistos pertencentes ao Ministro Moraes, seus aliados no Tribunal e seus familiares imediatos por seu papel em permitir as violações de direitos humanos contra brasileiros e violações de liberdade de expressão contra americanos.
Preservar e proteger os direitos de liberdade de expressão de todos os americanos e defender empresas americanas contra censura forçada continuará sendo prioridade na estratégia de política externa América Primeiro do Presidente Trump.
O Presidente Trump já utilizou tarifas com sucesso no passado para promover os interesses da América e enfrentar outras ameaças urgentes à segurança nacional, e está fazendo isso novamente hoje.
Veja o comunicado da Casa Branca que formaliza a tarifa de 50% ao Brasil
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