Pesquisadores identificam alta concentração de terras raras na Região Central do RS
11/08/2025
(Foto: Reprodução) Terras raras: o que são, onde estão e por que os EUA se importam com elas
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade do Pampa (Unipampa) identificaram rochas com alta concentração de elementos de terras raras em Caçapava do Sul, na Região Central do Rio Grande do Sul. Entenda a disputa internacional por terras raras.
🔍 As "terras raras" são minerais que compõem um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, normalmente misturados a outros minérios de difícil extração e com alto valor comercial. Apesar do nome, as terras raras não são exatamente raras. Estão espalhadas por todo o mundo, mas em concentrações muito pequenas. Elas são essenciais para a fabricação de turbinas eólicas, baterias de carros elétricos, cabos de transmissão, foguetes, equipamentos médicos, armas e dispositivos eletrônicos de última geração.
A pesquisa liderada pelo professor Marcelo Barcellos da Rosa, do Departamento de Química da UFSM, aponta que os carbonatitos — rochas ígneas raras — presentes em Caçapava do Sul são ricos em elementos de terras raras (ETRs), além de nióbio e tântalo. Os corpos carbonatíticos identificados, como os de Passo Feio e Picadas dos Tocos, contêm minerais como apatita, pirocloro, monazita-(Ce) e aeschynita-(Ce), fundamentais para tecnologias modernas como motores elétricos, turbinas eólicas e satélites.
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Segundo o pesquisador Lucas Mironuk, doutor em Ciências com ênfase em Química pela UFSM, os solos da região apresentam concentrações de ETRs até nove vezes maiores que outras áreas do Brasil, 12 vezes superiores aos solos de Cuba e seis vezes mais que os da China.
O estudo, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), integra o edital Minerais Estratégicos e segue até dezembro de 2026. O projeto reúne especialistas das áreas de Geologia, Química e Biologia. A UFSM coordena a coleta e análise de amostras de solo, vegetação e água. A UFRGS atua na caracterização mineralógica e geológica das rochas, enquanto a Unipampa contribui com a identificação de áreas e análise ambiental da fauna local.
Potencial não aproveitado
O Brasil possui a segunda maior reserva mundial de terras raras — cerca de 21 milhões de toneladas, o equivalente a 23% do total global — mas ainda não realiza a produção e o refino desses elementos em escala industrial. A China lidera o setor, com 49% das reservas e domínio das etapas de refino e fabricação de ímãs, segundo o relatório Mineral Commodity Summaries de 2025.
“Falta uma cadeia integrada que vá da mineração ao refino químico, além de investimentos, tecnologia e políticas industriais de longo prazo”, explica Lucas Mironuk. Ele destaca que o país ainda exporta parte dos minerais em estado bruto, dependendo de nações como a China para as etapas finais de purificação.
Já os Estados Unidos buscam acesso às terras raras encontradas no Brasil. Em reunião com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, teria demonstrado interesse em realizar acordos para a aquisição dos minerais estratégicos. Segundo o presidente do Ibram, Raul Jungmann, os americanos demonstraram preocupação e insistência sobre o tema.
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Área de estudo dos pesquisadores da UFSM, UFRGS e Unipampa
Divulgação/Laboratório de Pesquisas Químicas e Farmacêuticas da UFSM
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